Associação Portuguesa da Indústria dos Recursos Minerais reivindica combustível colorido para competir ao nível dos mercados concorrentes de Espanha e Itália.
Queremos ter os mesmos fatores de competitividade que os nossos concorrentes dos países vizinhos de Espanha e Itália, o que passa pela utilização do combustível colorido que é metade do preço do normal”, para fazer face ao constante aumento do preço da energia, reivindicou Manuel Rocha, da Assimagra – Associação Portuguesa da Indústria dos Recursos Minerais, durante o primeiro Encontro Nacional do Setor da Pedra Natural – StonebyPORTUGAL SUMMIT, em Vila Nova de Gaia.
Durante a mesa redonda “A crise Energética, Logística e de Mão-de-obra no Setor da Pedra Natural”, Manuel Rocha alertou para o facto de “o aumento dos preços da energia ser um peso enorme no setor”, mas foi avisando que não é de agora que a área está a braços com o problema devido a esta escalada de preços na sequência da guerra entre a Rússia e a Ucrânia. Já vem de trás. A guerra apenas veio “aguçar o problema”, disse, acrescentando que já há muito que o setor se sente “discriminado negativamente” em relação aos mercados concorrentes de Espanha e Itália que utilizam gasóleo verde, ao contrário de Portugal, onde não é permitido. Não entende porque é que a legislação portuguesa só o permite à agricultura e à floresta.
“O fator da energia já nos afeta antes desta crise energética, porque os nossos principais concorrentes já beneficiam de uma redução do acesso à energia e nós não”, queixou-se Manuel Rocha, adiantando que “somos muito mais competitivos, porque estamos a falar de um setor que tem valor acrescentado na economia portuguesa”. E que tem conseguido ultrapassar as adversidades, com uma grande procura e um crescimento a olhos vistos a nível internacional.
Desde a questão energética, passando pela logística, pela falta de mão-de-obra, à formação até à fixação são todos problemas que o setor da pedra natural enfrenta há já algum tempo, segundo Manuel Rocha. “Não existe logística sem consumo energético. Portanto, é todo um ciclo que é importante”, alertou, acrescentando: “Em Portugal só há um setor da economia que acrescenta mais valor do que o nosso dos recursos naturais que é o das telecomunicações”. Por isso mesmo, a Assimagra quer que o Governo implemente medidas de apoio ao setor. Até porque, avisou, “não é possível alterar os preços a meio do ano. Logo, o custo fica sempre do lado do produtor”, o que se torna ainda mais complicado para a sobrevivência no mercado.
“A CIP tem feito todos os dias pressão junto do Governo. Tivemos uma pandemia e agora estamos com este problema gravíssimo. Tem de haver uma estratégia a médio e longo prazo”, defendeu, por sua vez, Carlos Cardoso, da CIP – Confederação Empresarial de Portugal.
O problema está a ganhar contornos tão graves que “já praticamente todas as comercializadoras no mercado estão a rescindir contratos, porque não conseguem manter os preços acordados”, denunciou João Pereira, da Master Vantagem – uma empresa que faz intermediação de pontos de fornecimento entre as comercializadores e os consumidores finais de eletricidade e gás. Nuno Santos, da Ibero Logística e Trânsitos, alertou também para as fragilidades do setor.
O encontro juntou, assim, vários stakeholders da área da pedra natural para debater temas prioritários para o setor e fazer chegar junto do Governo as reivindicações.
In: Eco Sapo