O setor da pedra natural enfrenta hoje um desafio inevitável – responder às crescentes exigências de sustentabilidade ambiental. É neste contexto que surge o Projeto “Pegada Ambiental do Setor da Pedra Natural”, promovido e coordenado pela ASSIMAGRA no âmbito da Agenda Sustainable StonebyPORTUGAL, que visa orientar o setor para práticas mais responsáveis e conscientes. Ao focar-se na análise detalhada das pegadas de carbono e água, o projeto apresenta uma metodologia rigorosa para quantificar as emissões de carbono e o consumo de água ao longo de todas as fases do ciclo de vida do produto. Esta abordagem oferece às empresas do setor as ferramentas necessárias para identificar pontos críticos nos seus processos produtivos, otimizá-los e implementar soluções mais eficientes, tanto do ponto de vista operacional como ambiental.

A credibilidade dos resultados obtidos é assegurada pela adoção de normas internacionais, como a ISO 14040, ISO 14044 e EN 15804, que garantem não só a consistência técnica, mas também a comparabilidade dos dados recolhidos. O objetivo principal desta iniciativa é dotar o setor de conhecimento técnico e estratégico, promovendo uma gestão ambiental proativa que, ao reduzir os impactos negativos, reforce a imagem das empresas como agentes líderes na transição para um modelo económico mais sustentável.

Digitalização como Catalisador de Sustentabilidade

Neste processo de transformação, a digitalização surge como um elemento fundamental para acelerar a adoção de práticas sustentáveis. O projeto DIGITALbuilt representa uma resposta inovadora às necessidades do setor, oferecendo às empresas apoio especializado para digitalização e otimização dos seus processos produtivos. Esta iniciativa reconhece que a transição para a sustentabilidade não pode ser dissociada da modernização tecnológica, proporcionando às empresas as ferramentas digitais necessárias para monitorizar, analisar e melhorar continuamente o seu desempenho ambiental.

Através do DIGITALbuilt, as empresas do setor da pedra natural podem aceder a soluções tecnológicas avançadas que permitem a integração de sistemas de gestão ambiental com plataformas digitais inteligentes. Estas ferramentas facilitam a recolha automatizada de dados sobre consumo de energia e água, análise em tempo real de indicadores de sustentabilidade e a implementação de estratégias de otimização baseadas em evidências científicas. A digitalização de processos não só aumenta a eficiência operacional, mas também assegura a precisão e fiabilidade dos dados necessários para o cálculo rigoroso da pegada ambiental.

Conhecimento Técnico como Vantagem Competitiva

O domínio do conhecimento técnico sobre a pegada ambiental da pedra natural constitui hoje uma vantagem competitiva decisiva no mercado global. Este conhecimento especializado permite ao setor português posicionar-se de forma distintiva face aos materiais concorrentes, demonstrando com rigor científico e credibilidade técnica que a pedra natural sempre foi e continua a ser um material genuinamente sustentável.

A capacidade de quantificar e comunicar de forma transparente os impactos ambientais dos produtos pétreos representa um ativo estratégico fundamental. Quando as empresas dominam as metodologias de avaliação das pegadas de carbono e água, podem não só otimizar os seus processos, mas também apresentar aos mercados internacionais dados concretos e verificáveis sobre a sustentabilidade dos seus produtos. Esta competência técnica torna-se particularmente relevante num contexto onde consumidores e prescritores exigem cada vez mais informação detalhada sobre o ciclo de vida dos materiais que utilizam.

A pegada de carbono assume um papel particularmente relevante, dada a sua relação direta com as atuais alterações climáticas. No caso da pedra natural, estas emissões distribuem-se por vários momentos do ciclo de vida do produto, começando na fase de extração e estendendo-se até ao seu fim de vida. O Projeto “Pegada Ambiental do Setor da Pedra Natural” permite não só calcular estas emissões com elevado grau de detalhe, mas também identificar as principais fontes poluidoras, que incluem o consumo de eletricidade, a utilização de combustíveis fósseis, os próprios processos industriais e os transportes.

Demonstrar a Sustentabilidade Intrínseca da Pedra Natural

O conhecimento técnico aprofundado sobre pegada ambiental permite ao setor demonstrar com dados científicos uma realidade frequentemente desconhecida: a pedra natural apresenta, em muitos casos, uma pegada ambiental significativamente inferior à de materiais alternativos como cerâmicas, betão ou materiais sintéticos. Esta vantagem competitiva torna-se evidente quando se considera o ciclo de vida completo dos produtos, incluindo a durabilidade excecional da pedra natural, a sua capacidade de reutilização e reciclagem, e o facto de ser um material que não requer processos de fabrico intensivos em energia.

A capacidade de apresentar estudos comparativos rigorosos, baseados em metodologias reconhecidas internacionalmente, confere ao setor português uma credibilidade técnica que se traduz em vantagens comerciais concretas. Quando uma empresa consegue demonstrar que os seus produtos de pedra natural têm uma pegada de carbono 30% inferior à de um material concorrente, ou que o seu processo produtivo consome 50% menos água do que as alternativas industriais, está a criar um diferencial competitivo baseado em evidências científicas sólidas.

O conhecimento sobre a pegada do setor representa um passo decisivo para alinhar o setor com os compromissos internacionais de descarbonização e adoção das melhores e mais eficientes práticas nos seus sistemas produtivos. Entre as principais estratégias encontram-se a transição para fontes de energia renovável, melhoria da eficiência energética e racionalização da logística. Estes esforços não se limitam ao mero cumprimento regulamentar – são também uma oportunidade para as empresas melhorarem a sua reputação, atraírem novos investidores e conquistarem mercados exigentes onde a sustentabilidade já é um critério de seleção.

Gestão Inteligente dos Recursos Hídricos

Tal como acontece com as emissões de gases atmosféricos, também a água surge como um recurso central cuja utilização deve ser repensada e racionalizada. A pegada hídrica, neste contexto, permite medir o volume total de água doce consumida durante a produção, o que adquire particular importância num setor onde a água é amplamente necessária – desde a extração ao polimento das peças. Em regiões de Portugal com restrições hídricas significativas, esta gestão torna-se ainda mais crítica.

O projeto contempla a avaliação de três dimensões da água: azul (captada de rios ou aquíferos), verde (proveniente da precipitação) e cinzenta (necessária para diluir poluentes). Com estes dados em mãos, é possível detetar ineficiências e avançar com soluções como a recirculação e tratamento da água utilizada – ou, ainda, a adoção de tecnologias que reduzem o consumo. Trata-se, uma vez mais, de uma abordagem que não só protege o ambiente mas gera benefícios económicos tangíveis. Adicionalmente, permite às empresas reforçar o seu compromisso socioeconómico de operar e demonstrar capacidade de resposta às crescentes exigências do mercado e da sociedade.

Tecnologia e Monitorização Contínua

Para que esta transição seja bem-sucedida, é essencial que o setor adote um compromisso contínuo de monitorização e controlo dos seus parâmetros ambientais. A utilização de contadores e sensores, por exemplo, já permite monitorizar em tempo real o consumo de energia e água, identificar padrões de utilização, detetar falhas e agir rapidamente. Um controlo bem estruturado envolve também a definição clara de metas ambientais, a normalização de procedimentos e a formação contínua das equipas.

A integração de novas tecnologias – como plataformas digitais de gestão ambiental – constitui aqui um apoio decisivo. O projeto DIGITALbuilt exemplifica esta abordagem, oferecendo soluções tecnológicas que permitem às empresas integrar a monitorização ambiental nos seus sistemas de gestão operacional. Estas soluções fornecem dados atualizados e em tempo real, conferindo maior precisão e rapidez à tomada de decisões, ao mesmo tempo que facilitam a implementação de estratégias de melhoria contínua baseadas em evidências científicas.

Construir o Futuro Sustentável do Setor

A combinação do conhecimento técnico rigoroso da pegada ambiental com ferramentas digitais avançadas cria condições ideais para o setor da pedra natural se posicionar como líder na transição para uma economia mais sustentável. Esta liderança não se baseia apenas em declarações de intenções, mas em dados concretos, metodologias científicas e tecnologias inovadoras que permitem demonstrar inequivocamente a sustentabilidade intrínseca da pedra natural.

Em suma, a sustentabilidade no setor da pedra natural deve ser entendida como uma jornada permanente de melhoria – um processo sustentado por medições rigorosas, decisões informadas e uma atitude proativa. Não se trata apenas de proteger o ambiente: trata-se de construir resiliência e competitividade a longo prazo, equipando o setor português com as ferramentas técnicas e tecnológicas necessárias para demonstrar ao mundo que a pedra natural é, e sempre foi, uma escolha sustentável e responsável.